domingo, 30 de novembro de 2008

Para Sara, Raquel, Lia e para todas as crianças

Eu queria uma escola que cultivasse a curiosidade e alegria de aprender que é em você natural.
Eu queria uma escola que educasse seu corpo e seus movimentos, que possibilitasse seu crescimento físico e sadio, normal.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a natureza, o ar, a matéria, as plantas, os animais, seu próprio corpo, Deus.
Mas que ensinasse primeiro pela observação, pela descoberta, pela experimentação.
E que dessas coisas lhes ensinasse não só a conhecer, como também a aceitar, amar e preservar.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse tudo sobre a nossa história e a nossa terra, de uma maneira viva e atuante.
Eu queria uma escola que ensinasse a vocês a usarem bem a nossa língua, a pensarem e a se expressarem com clareza.
Eu queria uma escola que ensinasse a você amarem a nossa literatura e a nossa poesia.
Eu queria uma escola que lhes ensinasse a pensar, a raciocinar, a procurar soluções.
Eu queria uma escola que, desde cedo, usasse materiais concretos para que vocês pudessem ir formando corretamente os conceitos matemáticos, os conceitos de números, as operações... usando palitos, tampinhas, pedrinhas... só porcariinhas!!!... fazendo você aprenderem brincando...
Oh! Meu Deus!
Deus que livre você de uma escola em que tenham que copiar pontos.
Deus que livre você de decorar se entender nomes, datas, fatos...
Deus que livre você de aceitarem conhecimentos “prontos” mediocrementes embalados nos livros didáticos descartáveis.
Deus que livre vocês de ficarem passivos, ouvindo e repetindo e repetindo...
Eu também queria uma escola que também desenvolvesse a sensibilidade que vocês já têm para apreciar o que é terno e bonito.
Eu queria uma escola que ensinasse a vocês a conviver, a cooperar, a respeitar, a esperar, e saber viver numa comunidade, em união.
Que vocês aprendessem a transformar e criar.
Que lhes desse múltiplos meios de você expressarem cada sentimento, cada drama, cada emoção.
Ah! E antes que eu me esqueça: Deus que livre você de um professor incompetente.

Carlos Drummond de Andrade

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